Em Portugal palavra 
"vereda" significa caminho, mas não no Brasil que é usada para toda 
vegetação de vale: o brejo estacional, o brejo permanente e a faixa de 
buritis. O principal personagem dessa paisagem de rara beleza é o 
buriti, conhecido também como coqueiro-buriti, boriti ou 
palmeira-dos-brejos. Faz parte da família Arecaceae e apresenta 
sinonímias botânicas como Mauritia vinifera Mart., Mauritia setigera Griseb ou Mauritia flexuosa L.f.
Os
 buritizais ou veredas de buritis são comuns e notáveis praticamente em 
todo território brasileiro, principalmente ao longo dos fundos de vales 
no Brasil central. Ao invés de mata ciliar ou 
galeria, ocorre uma faixa de buriti acompanhada de um solo 
permanentemente brejoso, a qual sob a encosta do vale, transformando o 
cerrado em campo graminoso úmido estacional. Essas mudanças podem ser 
vistas brusca ou gradualmente, sendo que podem ocorrer camadas 
arbustivas debaixo dos buritis. 
O
 buriti é uma planta arbórea, perenifolia (folhas perenes), heliófita 
(vivem em qualquer condição do sol), higrófila (adaptada as regiões 
alagadas), caule com estipe, nós e entrenós bem evidentes e folhas na 
região capital. O buriti atinge alturas entre 20 a 30 metros, com uma 
espessura de até  50 centímetros de diâmetro e contém de 20 a 30 folhas 
com até 5 metros de comprimento e 3 metros de largura. A madeira é 
empregada em construções rurais, bicas d'agua e artesanato. As folhas 
cobrem "ranchos" e fornecem "imbira", que pela resistência de suas 
fibras, substituem cordas e barbantes na zona rural. Alguns estados como
 o Maranhão, já produzem em pequena escala, tecidos de fibra. O corte da
 inflorescência antes das flores desabrocharem, fornece um líquido 
adocicado que, quando fermentado, transforma-se em "vinho de buriti", o 
qual pode ser também preparado com a polpa, que produz ainda óleo 
comestível consumido pela população local. 
Esta
 planta é muito ornamental, podendo ser utilizada na arborização de 
praças e parques com sucesso. Floresce quase todo ano, com maior 
intensidade de dezembro à abril, produzindo grande quantidade de frutos 
que são consumidos por inúmeros animais, dentre eles roedores e aves. 
Abriga na bainha de suas folhas, ninhos de pássaros e répteis, como 
cobras. Quando o buriti morre, o seu tronco em decomposição é facilmente
 perfurado, sendo preferido pelas araras e periquitos para constrição de
 seus ninhos. A coleta da semente deve-se iniciar com a queda 
espontânea, sem necessidade da despolpa, salvo para o armazenamento. O 
ideal é plantar logo após a coleta, sendo que a semente apreseta uma 
taxa de germinação moderada, e a emergência se dará de 3-5 meses, um 
desenvolvimento lento tanto em viveiros como no campo. 
Além
 da rara beleza, o buriti é peça fundamental para a ecologia do cerrado,
 auxiliando a perpetuação de espécies animais, protegendo as nascentes, 
mantendo o equilíbrio do meio ambiente e oferecendo alternativas de 
subsistência através da exploração racional para a população da região.
| Vereda de buriti | 
| Inflorescência | 
|  | 
| Fruto do buriti | 
|  | 
| Bolsa feita com fibras de buriti. | 
 
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