Para aqueles que são amantes da natureza...

"Este cerrado é um pouco como o nosso povo brasileiro. Frágil e forte. As árvores tortas, às vezes raquíticas, guardam fortalezas desconhecidas. Suas raízes vão procurar nas profundezas do solo a sua sobrevivência, resistindo ao fogo, à seca e ao próprio homem. E ainda, como nosso povo, encontra forças para seguir em frente apesar de tudo e até por causa de tudo"

Newton de Castro


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Caramujo Africano


Caramujo pode disseminar doenças

Estudo brasileiro comprova que o caramujo-gigante-africano pode se infectar naturalmente por vermes que são transmitidos aos humanos por meio de alimentos mal lavados e podem causar grave infecção intestinal, meningite e até a morte.
Por: Júlia Faria
Publicado em 01/04/2010 | Atualizado em 01/04/2010
Caramujo pode disseminar doenças
caramujo-gigante-africano é hospedeiro intermediário de verme que causadoenças em humanos (foto: Iracy Lea Pecora).
caramujo-gigante-africano infectado por Angiostrongylus pode contribuir para a disseminação de duas doenças causadas por esse verme: a angiostrongilíase abdominal e a meningoencefalite eosinofílica. A comprovação foi obtida a partir de estudo feito em parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp-São Vicente) e o Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte (MG).
A partir de estudos anteriores, os cientistas acreditavam que o Achatina fulica, nome científico do caramujo-gigante-africano, poderia ser contaminado pelo nematódeo Angiostrongylus apenas em laboratório. Entretanto, a bióloga Iracy Léa Pecora, da Unesp, analisou uma amostra de três mil animais, coletados em São Vicente (SP), e constatou que aproximadamente 10% estavam infectados pelo verme. “A quantidade ainda é baixa, mas indica que os caramujopodem estar naturalmente infectados”, diz.
Achatina fulica é um dos hospedeiros intermediários do Angiostrongylus, que, na forma adulta, vive no organismo de pequenos roedores, como ratos. “Após a reprodução dos vermes adultos, surgem larvas que são expelidas junto com as fezes do roedor. São essas larvas que infectam os caramujos”, explica Pecora.
O ser humano é um hospedeiro acidental do verme. A infecção acontece após comer alimentos mal lavados
O fato de se encontrar caramujos naturalmente infectados leva os pesquisadores a concluir que os roedores que perambulam pelos mesmos locais também estão infectados. O ser humano, por sua vez, é um hospedeiro acidental do verme. “A infecção acontece após comer alimentos mal lavados, já que o caramujo anda por verduras, onde deixa um muco contaminado”, completa.
A angiostrongilíase abdominal é transmitida pelo Angiostrongylus costaricensis, que se instala no intestino e pode levar à morte após a perfuração deste. Já o Angiostrongylus cantonensis se instala nas meninges e no cérebro, resultando em um quadro mais severo da meningite tradicional.
caramujo-gigante-africano é hermafrodita e pode pôr até 400 ovos por vez. Resistente, o animal prolifera com rapidez. Dias típicos de verão – com calor e chuva no fim da tarde – são os mais propícios para encontrar a espécie. São comuns os relatos de ambientes infestados pelo caramujo nessa época.
“A rápida proliferação do animal é uma ameaça ecológica. Ele come de tudo: plantas, papel, ração de animais e até lixo”, alerta Pecora. Segundo a pesquisadora, é preciso coletar, com luvas, os animais e quebrar suas conchas. “Em seguida, deve-se jogar cal e enterrar os bichos. Não é recomendado utilizar sal para matá-los, pois a substância prejudica o solo”, explica.

Júlia Faria
Ciência Hoje / RJ

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Mais uma do cerrado

 
A 'P.Minensis' é a primeira de sua família reconhecida como carnívora. A planta é rara e só ocorre na Serra do Espinhaço, no cerrado mineiro. (foto: Caio Pereira)
Bonitinha, mas assassina
Aparentemente, uma delicada plantinha de flores lilases, mas, debaixo do solo em que nasce, a Philcoxi minensis esconde um segredo que só agora foi revelado por pesquisadores brasileiros, estadunidenses e australianos. Eles descobriram que a planta, do cerrado, é uma voraz carnívora: camufla folhas grudentas sob a areia para capturar e digerir vermes desavisados.
A curiosa planta, encontrada apenas nas manchas de areia branca da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, chamou a atenção dos biólogos por frequentemente ser vista com vermes nematoides – aqueles compridos e cilíndricos, como as lombrigas – presos em suas minúsculas folhas subterrâneas, de cerca de 1mm de diâmetro. 
O fato de os vermes serem encontrados já mortos e a presença da incomum folha subterrânea levaram os pesquisadores a pensar na hipótese de a planta ser carnívora, mesmo que nenhuma outra espécie da mesma família, que inclui mais de 2 mil vegetais, seja.
A curiosa planta é encontrada apenas nas manchas de areia branca da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais
Para verificar a ideia, eles ofereceram à planta um banquete especial: vermesCaenorhabditis elegans marcados com nitrogênio-15. Os vermes usados na experiência continham em seu organismo apenas esse isótopo do nitrogênio, passado a eles via alimentação exclusiva de bactérias cultivadas em meio enriquecido com a substância. 
Se a planta fosse mesmo carnívora, absorveria o nutriente. E foi isso que aconteceu. Análises das folhas comprovaram que a P. minenses digeriu os vermes e incorporou 5% do nitrogênio-15 presente nos animais, cerca de um dia após a refeição, e 15%, depois de dois dias.
Esquema alimentação
A 'P. Minensis' usa minúsculas folhas subterrâneas para capturar vermes neumatoides na areia. (fotos cedidas por Bruno Pereira)
 “A P. minensis é uma preciosidade”, diz o autor principal do estudo publicado na PNASdesta semana, o biólogo Rafael Oliveira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Nenhuma outra planta carnívora conhecida usa essa estratégia de posicionar folhas subterrâneas para se alimentar, além de a digestão de vermes ser mais comum em fungos que em plantas”, comenta Oliveira.
Oliveira: “Nenhuma outra planta carnívora conhecida usa essa estratégia para se alimentar”
Segundo o biólogo, a dieta da planta é uma adaptação ao meio em que vive, onde o solo é muito seco e carente de nutrientes como fósforo, potássio e nitrogênio. São os vermes que provêm essas substâncias à P. minensis.
Isto faz com que a planta seja uma das poucas a sobreviver nas areias brancas dos campos rupestres, lar das outras duas únicas espécies do mesmo gênero: a P. bahiensis e a P. goiasensis.
Estas são muito semelhantes à P. minensis e os pesquisadores acreditam que também sejam carnívoras. Por isso já começaram a busca por mostras para estudo no cerrado da Bahia e de Goiás, áreas de ocorrência das espécies.
“O cerrado é uma formação vegetal extremamente rica, única no mundo, e conhecemos um número limitado de espécies da região”, diz Oliveira. “Nosso estudo é mais um exemplo da importância de se estudar esse ecossistema tão diverso.”

Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line

Para entender a anatomia vegetal

http://www.scielo.br/pdf/abb/v19n1/v19n1a17.pdf