Para aqueles que são amantes da natureza...

"Este cerrado é um pouco como o nosso povo brasileiro. Frágil e forte. As árvores tortas, às vezes raquíticas, guardam fortalezas desconhecidas. Suas raízes vão procurar nas profundezas do solo a sua sobrevivência, resistindo ao fogo, à seca e ao próprio homem. E ainda, como nosso povo, encontra forças para seguir em frente apesar de tudo e até por causa de tudo"

Newton de Castro


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Folha: estrutura geral.

As folhas são expansões laterais do caule altamente variáveis em estrutura e função. Sua especialização como estrutura fotossintetizante e transpiratória é claramente evidenciada pela organização da lâmina foliar ou limbo.
Como a raiz e o caule, a folha apresenta sistema de revestimento, fundamental e vascular. O pecíolo apresenta geralmente uma estrutura semelhante a do caule: epiderme com cutícula e estômatos; colêquima subepidérmico e parênquima ocupando o córtex; e feixe vascular com floema para fora e xilema para dentro, envolvendo a medula. Normalmente o referido feixe toma o aspecto de arco aberto na parte superior não formando um anel completo.
A estrutura do limbo (lâmina foliar) é variável. Em geral, ocorre uma epiderme adaxial (ventral ou superior)e outra abaxial (dorsal ou inferior) com cutícula e estômatos. Estes podem ocorrer em ambas as faces (anfiestomática), apenas na face superior (epiestomática) e apenas na face inferior (hipoestomática). A epiderme é persistente uma vez que a folha em geral não apresenta crescimento secundário, exceto algumas vezes um limitado crescimento no pecíolo e nas nervuras de maior porte. Entre as epidermes ocorre o mesofilo (tecido fundamental da folha) que se apresenta como um parênquima clorofiliano que pode ser homogêneo (não diferenciação entre parênquima paliçádico e lacunoso) comum em monocotiledôneas; dorsiventral (há diferenciação em parênquima paliçádico e lacunoso) encontrado na maioria das eudicotiledôneas e isobilateral (apresenta parênquima paliçádico voltado para as duas faces e o lacunoso no meio) freqüente em plantas xerófitas.
As folhas podem apresentar uma e ou mais camadas de parênquima paliçádico, constituídas de células alongadas dispostas perpendicularmente à superfície da lâmina. As células do parênquima lacunoso são em geral irregulares e providas de projeções que se estendem de uma célula a outra, assumindo o tecido um aspecto de rede tridimensional em que as malhas abrigam os espaços intercelulares. A conexão célula a célula é feita predominantemente no sentido horizontal, isto é, paralela à superfície, ao contrário do parênquima paliçádico em que esta continuidade é, principalmente perpendicular à superfície do limbo (ou lâmina).
O sistema vascular da maioria das folhas as nervuras são envolvidas por uma camada de células parenquimáticas geralmente com poucos cloroplastos denominada de bainha do feixe vascular. Nas eudicotiledôneas essas células são alongadas paralelamente às células do feixe vascular; entretanto, em muitas ocasiões as células da bainha estendem-se até as epidermes formando extensões de bainha. Existem provas de que elas fazem a condução entre os feixes e as epidermes adaxial e abaxial. Células da bainha do feixe também são encontradas nas monocotiledôneas principalmente nas espécies da família Poaceae dispostas radialmente por células do parênquima clorofiliano dando aspecto de coroa mortuária, sendo denominada de anatomia ou síndrome de Kranz (do alemão que significa coroa). Plantas que apresentam essas características são identificadas como vegetais que fazer fotossíntese via C4, onde o Co2 atmosférico é fixado em uma substância com quatro carbonos. Outras família também podem apresenta-las como Amarantaceae, Asteraceae, Chenopodiaceae, Euphorbiaceae, Portulacaceae entre outras.


Foto: Ivone Vieira Silva

 Foto: Ivone Vieira Silva








Visualização da bainha de extensão unindo as duas epidermes (adaxial e abaxial)








 Setas mostrando bainha parenquimática disposta radialmente (bainha perivascular)


Referências:
APPEZZATO B. G. & GUERREIRO-CARMELLO S. M. Anatomia Vegetal. Viçosa: Imprensa Universitária UFV, 2003.
CUTTER, E. Anatomia vegetal parte 1 – Células e Tecidos. São Paulo: Roca, 1986. 304p.
ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. São Paulo. Edgard Blücher/USP,1974. 293 p.
BONA, C; BOEGER M. R. & SANTOS, G. O. Guia Ilustrado de Anatomia Vegetal. Ribeirão Preto: Holos Editora, 2004.

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