Caracterização morfo-anatômica Maranta arundinacea L.1
Danúbio Deikti Rodrigues2, Daiane
Aline Carard2, Haiany Dias2, Márcio Barbosa M. Filho2,
Kátya B. A. Smiljanic3
1 Trabalho
financiado com recursos da UNIFIMES.
2 Acadêmicos
do curso de Agronomia do Centro Universitário de Mineiros (UNIFIMES), Rua 22, s/nº - Setor
Aeroporto – Cx. P. 104 – Mineiros/GO – CEP 75830-000
3 Professora
assistente do Centro Universitário de Mineiros (UNIFIMES), Rua
22, s/nº - Setor Aeroporto – Cx. P. 104 – Mineiros/GO – CEP 75830-000. katia@fimes.edu.br.
RESUMO:
Este
trabalho teve por objetivo descrever a morfoanatomiade Maranta arundinacea como contribuição para a taxonomia e sistemática
da família Marantaceae.O material botânico foi
coletado no
banco de multiplicação de hortaliças não-convencionais na Fazenda Experimental
Prof. Luiz Eduardo de Oliveira Sales –FELEOS, Centro Universitário de Mineiros
– GO, fixado em F.A.A. (50%), estocado em etanol (70%). Os cortes
transversais e paradérmicos foram feitos com lâmina de aço, imersos em uma
solução de Hipoclorito de Sódio, lavados em álcool e água destilada e corados
com Azul de Astra (1%) e Safranina (1%), e em seguida comporam lâminas semi-permanentes. Maranta arundinaceae apresentou epiderme
unisseriada com paredes anticlinais retas, cutícula espessa, estômatosparacíticos.
O mesofilo é dorsiventral e anfiestomático. Os feixes vasculares são colaterais,
fibras em volta de todo o feixe vascular além de fibras extraxilemáticas, caule
do tipo rizoma.Estruturação anatômica da
lâmina foliar observada foi semelhante a outras espécies da família Marantaceae.
PALAVRAS-CHAVE:
Anatomia vegetal. Botânica ecológica. Botânica estrutural.Marantaceae.
INTRODUÇÃO
A espécie Maranta arundinacea
é conhecida popularmente como araruta, e pertence à classe monocotyledonae,
subclasse Commelinidae, ordem Zingiberales, família Marantaceae (JUDD, 2007). Marantaceae é
uma família que inclui 550 espécies distribuídas em
32 gêneros, sendo que no Brasil ocorrem 12 gêneros e 150
espécies. Calanthea é um dos
principais gêneros nativos, principalmente nas regiões florestais, e em segundo lugar
é o gênero Maranta que
predomina na região central do país (SOUZA, 2008). M. arundinacea é uma
planta herbácea, perene, possui rizoma, folhas alternas
dísticas. As inflorescências são formadas por flores bissexuadas,
vistosas e gamopétalas, ovário ínfero. O fruto é do tipo
cápsula, sementes com arilo(SOUZA, 2008). Forma um intrincado
complexo de pequenos caules rizomatosos no sistema radicular. Dessas estruturas
extrai-se uma fécula que pode ser utilizada por celíacos, pessoas com
restrições alimentares ao glúten (doença celíaca). Por sua leveza incomparável,
os biscoitos derretem na boca, também é tradicional o mingau de araruta,
especialmente recomendado para crianças e idosos (MAPA, 2010).É uma planta
bastante tolerante a pragas e doenças, sendo seus rizomas suscetíveis a
nematóides do gênero Meloidogyne que podem causar pequenos
danos (MAPA, 2010).Este trabalho teve por objetivo descrever a morfoanatomia da
espécie M. arundinacea como
contribuição para a taxonomia e sistemática da família Marantaceae.
MATERIAL E MÉTODOS
O material
botânico foi coletado no
banco de multiplicação de hortaliças não-convencionais na Fazenda Experimental
Prof. Luiz Eduardo de Oliveira Sales–FELEOS, Centro Universitário de Mineiros
– GO.Para caracterização anatômica, folhas totalmente expandidas foram
colhidas aleatoriamente e em seguida, fixadas em F.A.A. (50%) e posteriormente
estocadas em etanol (70%) (JOHANSEN, 1940). A folha foi cortada
transversalmente por meio de uma lâmina de açona porção mediana, borda da
lâmina foliar e pecíolo para análise estrutural dos tecidos. Cortes
paradérmicos foram feitos para visualização dos estômatos, tricomas e outras
estruturas epidérmicas. Cada corte foi imerso em uma solução de Hipoclorito de
Sódio comercial até a sua total descoloração, sendo imediatamente lavados em
álcool e água destilada. Por fim, as secções passaram por uma sequência de
corantes, Azul de Astra (1%) e Safranina (1%), (JOHANSEN, 1940) e a partir de
então, vieram a compor lâminas semi-permanentes. As observações e documentações
fotográficas foram feitas em um microscópio fotônico do Laboratório de
Microscopia do Centro Universitário de Mineiros - UNIFIMES. Os resultados
encontrados, meramente descritivos, foram discutidos e comparados à estudos
similares feitos com plantas afins.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Maranta
arundinacea é uma planta herbácea e
subarbustiva, com folhas alternadas e dísticas, pecioladas, longas bainhas
foliáceas, ovais-lanceoladas, acuminadas com limbo de 10-20 cm de comprimento e
5-8 cm de largura em média, possui um pulvino bastante proeminente e nervuras paralelinérveas.O pulvino permite movimentos em que as folhas
se colocam fechadas e eretas ao entardecer.Forma rizomas que são caules subterrâneos que crescem
horizontalmente sob o solo e que emitem raízes, folhas e ramos a partir de seus
nós. Na araruta, os rizomas são fusiformes, muito fibrosos, de coloração
branca, com entrenós curtos e bem definidos em leves depressões, presença de escamas
muito finas que se soltam com facilidade e acumulam amido que formam as
reservas para o desenvolvimento de uma nova planta. Cresce formando touceiras
que podem chegar a 1,2 m de altura. As flores são pequenas, brancas, e podem
ser solitárias ou em conjunto de 3 ou 4 dispostas em panículas terminais,
protegidas por brácteas invaginantes. A descrição morfologia para a araruta
está de acordo com a de Souza (2008). A análise
anatômica encontrou epiderme foliar unisseriada, paredes anticlinais
relativamente retas, tanto na face adaxial quanto abaxial. A cutícula é espessa
e os estômatos são paracíticos presentes em ambas as faces (folha anfietomática).
A cutícula é considerada como uma estrutura de resistência aos patógenos e aos
insetos e deve ser analisada com prudência, pois a sua eficiência como barreira
física depende da quantidade e qualidade da composição química desta estrutura, além
das características do agente de inter-relação (SILVA et al, 2005). Os patógenos
podem depender ou não de pressão mecânica para entrar na planta hospedeira e a
cutícula possui regiões descontínuas como em células secretoras de
tricomas glandulares, em papilas de certas flores e até mesmo poros (CUTTER,
1986).Foi observada a presença de parênquima aquífero na epiderme adaxial da
lamina foliar. Essas células são especializadas no acumulo de água,
característica esta, entendida como estratégia para evitar o estresse hídrico.
No corte transversal do pecíolo foram observadas cavidades formadas por
aerênquimas sustentadas internamente por parênquimas braciformes, como relatado
para a espécie pertencente à mesma família(SANTOS;PUGIALLI, 1999). A folha é
dorsiventral com uma camada de parênquima paliçádico e uma de parênquima
lacunoso que de acordo com Appezzato e Carmelo (2003) são caracteres
mesofítico. Os feixes vasculares são colaterais de médio e pequeno porte envolvidos
por fibras fortemente espessadas além de apresentar feixes de fibras
extraxilematicas, vistas em corte transversal, próximos à epiderme abaxial. Foram
visualizados em células parenquimáticas pontoações, canais que tem por objetivo,
a comunicação entre células adjacentes.
CONCLUSÃO
Maranta
arundinacea apresentou caule rizomatoso, de coloração
branca, com entrenós curtos e bem definidos em leves depressões, recobertos por
escamas finas, epiderme unisseriada com paredes anticlinais retas, cutícula
espessa, estômatos paracíticos. O mesofilo é dorsiventral, anfiestomático, com feixes
vasculares colaterais e fibras que envolvem todo o feixe vascular, fibras
extraxilematicas; presença de pontoações em células de parênquima, além de
cavidades (aerênquimas), e parênquima aquífero.
Figura 1. Corte paradérmico da lâmina foliar de Maranta arundinacea mostrando estômatos paracíticos (face abaxial).
Figura 2. Corte transversal do pecíolo foram observadas cavidades formadas por aerênquimas sustentadas internamente por parênquimas braciformes.
Figura 3. Feixe vascular colateral.
Figura 4. Corte transversal da lâmina foliar mostrando estômato.
Figura 5. Corte transversal do pecíolo.
Figura 6. Rizoma de Maranta arundinacea.
Abreviações
Es - estômatos; Cv – cavidade; Pa – parênquima; Flv – floema; Xl – xilema; Pp – parênquima paliçádico; Pl – parênquima lacunoso; Fb – fibras; Cl – colênquima; Ep – epiderme.
REFERÊNCIAS
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B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia Vegetal. Viçosa: UFV, 2003. 438.
MAPA.Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.Manual de hortaliças não-convencionais
/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.Secretaria de
Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: Mapa/ACS, 2010.92 p.
CUTTER,
E. Anatomia vegetal: Parte I - Células e tecidos. 2º ed. São Paulo: Roca, 1986.
JOHANSEN, D. A.
Plant microtechnique. New
York: McGraw-Hill BookCo.Inc., 1940. 523p.
JUDD, W.S., CAMPBELL, C.S., KELLOGG, E.A., STEVENS,
P.F.; DONOGHUE, M.J. . Plant Systematics: A phylogenetic
approach.3rd Edition.Sinauer Associates, Sunderland, Massachusetts, USA.
2007.
SANTOS,
A. do E.; PUGIALLI, H. R. L. Estudo da plasticidade anatômica foliar de
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thalia (Vell.) J.M.A. Braga
(Marantaceae) em dois ambientes de mata atlântica. Rodriguésia 50(76/77):
109-124. 1999.
SILVA,
L.M.; ALQUINI, Y.; CAVALLET, V.J. Inter-relações entre a anatomia vegetal e a
produção vegetal. Acta. Bot. Bras. 19(1): 183-194. 2005.
Souza,
V.C.. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de
Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II/ Vinicius Castro
Souza, HarriLorenzi. 2º ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
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