Para aqueles que são amantes da natureza...

"Este cerrado é um pouco como o nosso povo brasileiro. Frágil e forte. As árvores tortas, às vezes raquíticas, guardam fortalezas desconhecidas. Suas raízes vão procurar nas profundezas do solo a sua sobrevivência, resistindo ao fogo, à seca e ao próprio homem. E ainda, como nosso povo, encontra forças para seguir em frente apesar de tudo e até por causa de tudo"

Newton de Castro


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Buritizal: paisagem de rara beleza.

Em Portugal palavra "vereda" significa caminho, mas não no Brasil que é usada para toda vegetação de vale: o brejo estacional, o brejo permanente e a faixa de buritis. O principal personagem dessa paisagem de rara beleza é o buriti, conhecido também como coqueiro-buriti, boriti ou palmeira-dos-brejos. Faz parte da família Arecaceae e apresenta sinonímias botânicas como Mauritia vinifera Mart., Mauritia setigera Griseb ou Mauritia flexuosa L.f.
Os buritizais ou veredas de buritis são comuns e notáveis praticamente em todo território brasileiro, principalmente ao longo dos fundos de vales no Brasil central. Ao invés de mata ciliar ou galeria, ocorre uma faixa de buriti acompanhada de um solo permanentemente brejoso, a qual sob a encosta do vale, transformando o cerrado em campo graminoso úmido estacional. Essas mudanças podem ser vistas brusca ou gradualmente, sendo que podem ocorrer camadas arbustivas debaixo dos buritis. 
O buriti é uma planta arbórea, perenifolia (folhas perenes), heliófita (vivem em qualquer condição do sol), higrófila (adaptada as regiões alagadas), caule com estipe, nós e entrenós bem evidentes e folhas na região capital. O buriti atinge alturas entre 20 a 30 metros, com uma espessura de até  50 centímetros de diâmetro e contém de 20 a 30 folhas com até 5 metros de comprimento e 3 metros de largura. A madeira é empregada em construções rurais, bicas d'agua e artesanato. As folhas cobrem "ranchos" e fornecem "imbira", que pela resistência de suas fibras, substituem cordas e barbantes na zona rural. Alguns estados como o Maranhão, já produzem em pequena escala, tecidos de fibra. O corte da inflorescência antes das flores desabrocharem, fornece um líquido adocicado que, quando fermentado, transforma-se em "vinho de buriti", o qual pode ser também preparado com a polpa, que produz ainda óleo comestível consumido pela população local. 
Esta planta é muito ornamental, podendo ser utilizada na arborização de praças e parques com sucesso. Floresce quase todo ano, com maior intensidade de dezembro à abril, produzindo grande quantidade de frutos que são consumidos por inúmeros animais, dentre eles roedores e aves. Abriga na bainha de suas folhas, ninhos de pássaros e répteis, como cobras. Quando o buriti morre, o seu tronco em decomposição é facilmente perfurado, sendo preferido pelas araras e periquitos para constrição de seus ninhos. A coleta da semente deve-se iniciar com a queda espontânea, sem necessidade da despolpa, salvo para o armazenamento. O ideal é plantar logo após a coleta, sendo que a semente apreseta uma taxa de germinação moderada, e a emergência se dará de 3-5 meses, um desenvolvimento lento tanto em viveiros como no campo. 
Além da rara beleza, o buriti é peça fundamental para a ecologia do cerrado, auxiliando a perpetuação de espécies animais, protegendo as nascentes, mantendo o equilíbrio do meio ambiente e oferecendo alternativas de subsistência através da exploração racional para a população da região.

Vereda de buriti
Inflorescência
Fruto do buriti
Bolsa feita com fibras de buriti.
 

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