Em Belgrado, na então Iugoslávia, em
1975, foi realizada a reunião de especialistas em educação ambiental das áreas
da biologia, geografia e história, entre outros de 65 países. Foram definidos os objetivos da EA, publicados
em documento que foi denominado “A Carta de Belgrado”, preconizando a
necessidade de uma nova ética global, capaz de promover a erradicação da
pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação
humana.
A CARTA DE BELGRADO
Uma estrutura global
para a Educação Ambiental
SITUAÇÃO AMBIENTAL
Nossa geração tem assistido a um
crescimento e progresso tecnológico jamais observados, que trazem benefícios a
muitas pessoas e ao mesmo tempo vêm causando graves conseqüências sociais e
ambientais. A desigualdade entre ricos e pobres, entre as nações e dentro
delas, vem crescendo; e existem evidências de uma crescente deterioração do
ambiente físico, sob diferentes formas, em escala mundial. Embora causada
principalmente por um número relativamente pequeno de nações, essa condição afeta
toda a humanidade.
A recente Declaração das Nações
Unidas para uma Nova Ordem Econômica Internacional (Resolução da 6a Sessão
Especial da Assembléia Geral da ONU, adotada em 10 de maio de 1974, Nova
Iorque) pede um novo conceito de desenvolvimento, que leve em conta a
satisfação das necessidades e desejos de todos os habitantes da Terra, o
pluralismo das sociedades e o equilíbrio e harmonia entre a humanidade e o meio
ambiente. O que se busca é a erradicação das causas básicas da pobreza, da
fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação. A forma
anterior de tratar esses problemas cruciais de maneira fragmentária tornou-se
inviável.
É absolutamente vital que os
cidadãos do mundo insistam em medidas que apoiem um tipo de crescimento
econômico que não tenha repercussões prejudiciais para as pessoas, para o seu
ambiente e suas condições de vida. É necessário encontrar maneiras de assegurar
que nenhuma nação cresça ou se desenvolva às custas de outra e que o consumo
feito por um indivíduo não ocorra em detrimento dos demais. Os recursos do
mundo devem ser desenvolvidos de modo a beneficiar toda a humanidade e proporcionar
melhoria da qualidade de vida de todos.
Nada mais necessitamos do que uma
nova ética global. Uma ética que defenda atitudes e comportamentos de
indivíduos e sociedades consoantes com o espaço da humanidade na biosfera; que
reconheça e responda com sensibilidade aos relacionamentos complexos e sempre
mutantes entre a humanidade e a natureza, e entre as pessoas. Devem ocorrer
mudanças significativas entre as nações do mundo para assegurar o tipo de
desenvolvimento racional, dirigido por esse novo ideal global.
Mudanças que serão direcionadas para
uma distribuição eqüitativa dos recursos do mundo e para satisfazer, de modo
mais justo, as necessidades de todos os povos. Esse novo tipo de
desenvolvimento também exigirá a redução máxima dos efeitos nocivos sobre o
ambiente, a utilização de rejeitos para fins produtivos e o projeto de
tecnologias que permitirão que esses objetivos sejam atingidos. Acima de tudo,
o mesmo será exigido para que asseguremos a paz duradoura, através da
coexistência e da cooperação entre as nações com sistemas sociais diferentes.
Recursos substanciais visando a satisfação das necessidades humanas poderão ser
obtidos restringindo-se os orçamentos militares e reduzindo-se a concorrência
na fabricação de armas. A meta final deve ser o desarmamento.
Essas novas abordagens para o
desenvolvimento e para a melhoria do meio ambiente exigem uma reclassificação
das prioridades nacionais e regionais. Devem ser questionadas as políticas que
buscam maximizar a produção econômica sem considerar suas conseqüências para a
sociedade e para os recursos dos quais depende a melhoria da qualidade de vida.
Para que se possa atingir essa mudança de prioridades, milhões de pessoas terão
que adequar as suas próprias e assumir uma ética global individualizada e
pessoal - e manifestar uma postura de compromisso com a melhoria da qualidade
do meio ambiente e de vida para os povos do mundo.
A reforma dos processos e sistemas
educacionais é decisiva para a elaboração desta nova ética de desenvolvimento e
de ordem econômica mundial.
Governos e
formuladores de políticas podem ordenar mudanças e novas abordagens para o
desenvolvimento, podem começar a melhorar as condições de convívio do mundo,
mas tudo isso não passa de soluções de curto prazo, a menos que a juventude
mundial receba um novo tipo de educação. Esta implicará um novo e produtivo
relacionamento entre estudantes e professores, entre escolas e comunidades, e
entre o sistema educacional e a sociedade em geral.
A Recomendação da
Conferência sobre o Meio Ambiente Humano de Estocolmo pediu o desenvolvimento
da Educação Ambiental como um dos elementos fundamentais para a investida geral
contra a crise ambiental do mundo. Essa nova Educação Ambiental deve ser ampla,
apoiada e vinculada aos princípios básicos incluídos na Declaração das Nações
Unidas sobre a Nova Ordem Econômica Internacional.
É nesse contexto que devem ser
colocados os fundamentos para um programa mundial de Educação Ambiental que
possibilitará o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, de
valores e atitudes, enfim, um esforço visando a melhor qualidade do ambiente e,
sem dúvida, uma qualidade de vida digna para as gerações presentes e futuras.
METAS AMBIENTAIS
A meta da ação
ambiental é:
Melhorar todas as
relações ecológicas, incluindo a relação da humanidade com a natureza e das
pessoas entre si. Assim, existem dois objetivos preliminares:
1. Para cada nação,
de acordo com sua cultura, esclarecer para si mesma o significado de conceitos
básicos, tais como qualidade de vida e felicidade humana, no contexto do
ambiente como um todo, estendendo-os ao esclarecimento e consideração para com
outras culturas, além das próprias fronteiras nacionais.
2. Identificar que
ações asseguram a preservação e melhoria das potencialidades humanas e
desenvolvimento do bem-estar social e individual, em harmonia com o ambiente,
tanto biofísico, quanto o criado pelo homem.
META DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
A meta da educação
ambiental é:
Desenvolver uma
população mundial que esteja consciente e preocupada com o meio ambiente e com
os problemas que lhe são associados, e que tenha conhecimento, habilidade,
atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na
busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos.
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Os objetivos da
educação ambiental são:
1. Conscientização:
contribuir para que os indivíduos e grupos sociais adquiram consciência e
sensibilidade em relação ao ambiente como um todo e a problemas a ele
relacionados.
2. Conhecimento:
propiciar aos indivíduos e grupos sociais uma compreensão básica sobre o
ambiente como um todo, os problemas a ele relacionados, e sobre a presença e o
papel de uma humanidade criticamente responsável em relação a esse ambiente.
3. Atitudes:
possibilitar aos indivíduos e grupos sociais a aquisição de valores sociais,
fortes vínculos afetivos com o ambiente e motivação para participar ativamente
na sua proteção e melhoria.
4. Habilidades:
propiciar aos indivíduos e aos grupos sociais condições para adquirirem as
habilidades necessárias à solução dos problemas ambientais.
5. Capacidade de
avaliação: estimular os indivíduos e os grupos sociais a avaliarem as
providências relativas ao ambiente e aos programas educativos, quanto aos fatores
ecológicos, políticos, econômicos, estéticos e educacionais.
6. Participação: contribuir
com os indivíduos e grupos sociais no sentido de desenvolverem senso de
responsabilidade e de urgência com relação aos problemas ambientais para
assegurar a ação apropriada para solucioná-los.
PÚBLICO - ALVO
O principal
público-alvo da Educação Ambiental é o público em geral.
Neste contexto
global, as principais categorias são as seguintes:
1. o setor de
educação formal: alunos de pré-escola, primeiro e segundo graus, e universitários,
bem como professores e profissionais de treinamento em meio ambiente;
2. o setor de
educação não formal: jovens e adultos, individual e coletivamente, de todos os
segmentos da população, tais como famílias, trabalhadores, administradores e
todos aqueles que dispõem de poder nas; áreas ambientais ou não.
DIRETRIZES BÁSICAS
DOS PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
As diretrizes básicas
da educação ambiental são:
1. A Educação
Ambiental deve considerar o ambiente em sua totalidade - natural e construído
pelo homem, ecológico, político, econômico, tecnológico, social, legislativo,
cultural e estético.
Com base nessa estratégia, a UNESCO
criou o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), com relevante
atuação internacional, cujo objetivo era o de editar publicações relatando as
experiências mundiais de preservação e educação ambiental. Além disso, esse
programa criou uma base de dados que, no início da década de 80, contava com
informações sobre 900 instituições que atuavam com EA e 140 projetos voltados à
preservação do meio ambiente.
No
que diz respeito ao Brasil, as deliberações da conferência de Belgrado,
principalmente aquelas voltadas à EA, passaram despercebidas pelos órgãos
educacionais tanto na esfera federal quanto na estadual, dada a conjuntura
política que o país vivia naquele momento.
Gostei do artigo mim ajudou bastante.
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