Segundo Pelicioni e Philippi Jr. (2005) a expressão Educação Ambiental
foi utilizada pela primeira vez em 1962, na conferência de educação da
Universidade de Keele, Grã-Bretanha.
De acordo Reigota (1994), em 1968 foi realizada em Roma uma reunião que
seria chamada de “Clube de Roma”, que era composto por economistas, pedagogos,
humanistas, industriais, entre outros, para discutir o consumo e as reservas de
recursos naturais não renováveis e o crescimento da população até os meados do
século XXI. Um dos méritos dos debates e das conclusões do “Clube
de Roma” foi colocar o problema ambiental em nível planetário, e como
conseqüência disso, a Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em
Estocolmo, na Suécia, a primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano
onde pela primeira vez, a comunidade internacional se reuniu para discutir o
meio ambiente global e as necessidades de desenvolvimento.
A Conferência de Estocolmo levou à criação do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA) e a uma maior compreensão da necessidade de
direcionar o modo como olhamos para o meio ambiente. Ela uniu em um grande
evento internacional, países industrializados e em desenvolvimento e iniciou
uma série de Conferências da ONU que viriam a tratar de áreas específicas, como
alimentação, moradia, população, direitos humanos, mulheres. Uma resolução
importante da conferência de Estocolmo foi a de que se deve educar o cidadão
para a solução dos problemas ambientais surgindo, o que se convencionou chamar
de Educação Ambiental sendo considerada como campo de ação pedagógica,
adquirindo relevância e vigência internacional.
Em Belgrado, na então Iugoslávia, em 1975, foi realizada a reunião de
especialistas em educação ambiental, biologia, geografia e história, entre
outros, onde foram definidos os objetivos da educação ambiental, publicados em
documento que foi denominado “A Carta de Belgrado”, preconizando a necessidade
de uma nova ética global, capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome,
do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação humana.
Em Tbilisi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977, realizou-se a primeira
Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental, onde foram apresentados
os primeiros trabalhos que estavam sendo desenvolvidos em vários países e tinha
como objetivo dar uma continuidade aos encontros realizados anteriormente,
organizados pela ONU. O encontro serviu para reafirmar os princípios da
natureza da Educação Ambiental e definir os objetivos, princípios e
características, formular recomendações e estratégias pertinentes aos planos
regional, nacional e internacional das Nações Unidas. Segundo Reigota (1994)
esse evento serviu também para apresentar ao mundo quais eram os projetos que
já estavam sendo executados pelos países, então participantes, estimulando a
troca de experiências, pesquisas, documentos e serviços.
A partir da Conferência de Tiblisi a Educação Ambiental passou a não mais
ser vista de forma reducionista e fragmentada, e sim de uma forma onde todos os
entes têm que estar envolvidos com os seus paradigmas e com o compromisso do
social. Não se podia mais admitir que a Educação Ambiental fosse vista apenas
como parte integrante do ensino das disciplinas de ciências, mas que permeassem
todas as outras do componente curricular. Os cidadãos, a partir de sua
realidade, deveriam perceber como gerir e administrar os recursos ambientais de
forma a não esgotar-se e que poderiam contribuir para a sua renovação, tendo
assim uma visão integrada com o ambiente e dialogando com o mesmo para que a
sua conservação seja plena.
Em 1992, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a Conferência da ONU
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92 ou Cúpula da
Terra. Teve como um dos grandes objetivos a verificação dos modelos de
desenvolvimento e a sua ineficiência, sugerindo a mudança para um
desenvolvimento “sustentável”. Outra proposta da Rio-92 foi a de aumentar os
esforços para proporcionar informações sobre o meio ambiente que possam
promover a conscientização popular, além de promover um treinamento cada vez
maior de profissionais, a fim de ampliar essa rede de informações. Segundo Dias
(1991) a Rio-92 foi o evento mais importante desde que o ser humano se organizou
em sociedades reunindo milhares de Organizações Não-Governamentais e
participantes da sociedade civil para discutir as questões ambientais. Durante
a Conferência foi promovido pelo governo federal um workshop no qual foi
aprovado um documento denominado “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”,
onde uma das prioridades dos governos seria a de implantar em todos os níveis
da educação, a Educação Ambiental (Pedrini, 1997). Como resultado desse evento
foi elaborado um plano de ação para o século XXI, visando a sustentabilidade da
vida na terra denominado de Agenda XXI e que trata em seus 40 capítulos sobre
dimensões econômicas e sociais, conservação e manejo de recursos naturais,
fortalecimento da comunidade e meios de implementação. Com ações a longo, médio
e curto prazo, foi o documento mais consistente para o “Desenvolvimento
Sustentável”, isto é, de como podemos continuar desenvolvendo nosso país e
nossas comunidades sem destruir o meio ambiente e com maior justiça social.
No ano de 2002 foi realizada em Joanesburgo, África do
Sul, a Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável. Foi a terceira
conferência mundial promovida pela ONU para discutir os desafios ambientais do
planeta. A Rio+10 ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável,
aconteceu trinta anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972.
A Rio+ 10 produziu dois documentos oficiais, adotados pelos
representantes dos 191 países presentes na conferência: a Declaração Política e
o Plano de Implementação .
A Declaração Política, intitulada “O Compromisso de Joanesburgo sobre
Desenvolvimento Sustentável”, possui 69 parágrafos divididos em seis partes.
Como o nome indica, trata-se de documento que estabelece posições políticas, e
não metas. Assim, reafirma princípios e acordos adotados na Estocolmo-72 e na
Rio-92, pede o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e o
aumento da assistência financeira para os países pobres, além de reconhecer que
os desequilíbrios e a má distribuição de renda, tanto entre países quanto
dentro deles, estão no cerne do desenvolvimento insustentável. O texto admite
ainda que os objetivos estabelecidos na Rio-92 não foram alcançados e conclama
as Nações Unidas a instituir um mecanismo de acompanhamento das decisões
tomadas na Cúpula de Joanesburgo.
O segundo e mais importante documento resultante da Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável é o Plano de
Implementação, que busca alcançar três objetivos supremos: a erradicação da
pobreza, a mudança nos padrões insustentáveis de produção e consumo e a
proteção dos recursos naturais.
Referências:
PHILIPPI JR., A. PELICIONI, M.C.F. Educação Ambiental e sustentabilidade.
Coleção ambiental, 3. Barueri, SP: Monele, 2005.
REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense; 1994.
DIAS, G.F. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia,
1991.
PEDRINI, A.G. Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas.
Petrópolis (RJ): Vozes, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário