Para aqueles que são amantes da natureza...

"Este cerrado é um pouco como o nosso povo brasileiro. Frágil e forte. As árvores tortas, às vezes raquíticas, guardam fortalezas desconhecidas. Suas raízes vão procurar nas profundezas do solo a sua sobrevivência, resistindo ao fogo, à seca e ao próprio homem. E ainda, como nosso povo, encontra forças para seguir em frente apesar de tudo e até por causa de tudo"

Newton de Castro


domingo, 10 de dezembro de 2017

Histórico da Educação Ambiental no mundo


Segundo Pelicioni e Philippi Jr. (2005) a expressão Educação Ambiental foi utilizada pela primeira vez em 1962, na conferência de educação da Universidade de Keele, Grã-Bretanha.
De acordo Reigota (1994), em 1968 foi realizada em Roma uma reunião que seria chamada de “Clube de Roma”, que era composto por economistas, pedagogos, humanistas, industriais, entre outros, para discutir o consumo e as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da população até os meados do século XXI. Um dos méritos dos debates e das conclusões do “Clube de Roma” foi colocar o problema ambiental em nível planetário, e como conseqüência disso, a Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia, a primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano onde pela primeira vez, a comunidade internacional se reuniu para discutir o meio ambiente global e as necessidades de desenvolvimento.
A Conferência de Estocolmo levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a uma maior compreensão da necessidade de direcionar o modo como olhamos para o meio ambiente. Ela uniu em um grande evento internacional, países industrializados e em desenvolvimento e iniciou uma série de Conferências da ONU que viriam a tratar de áreas específicas, como alimentação, moradia, população, direitos humanos, mulheres. Uma resolução importante da conferência de Estocolmo foi a de que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais surgindo, o que se convencionou chamar de Educação Ambiental sendo considerada como campo de ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacional.
Em Belgrado, na então Iugoslávia, em 1975, foi realizada a reunião de especialistas em educação ambiental, biologia, geografia e história, entre outros, onde foram definidos os objetivos da educação ambiental, publicados em documento que foi denominado “A Carta de Belgrado”, preconizando a necessidade de uma nova ética global, capaz de promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação humana.
Em Tbilisi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977, realizou-se a primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental, onde foram apresentados os primeiros trabalhos que estavam sendo desenvolvidos em vários países e tinha como objetivo dar uma continuidade aos encontros realizados anteriormente, organizados pela ONU. O encontro serviu para reafirmar os princípios da natureza da Educação Ambiental e definir os objetivos, princípios e características, formular recomendações e estratégias pertinentes aos planos regional, nacional e internacional das Nações Unidas. Segundo Reigota (1994) esse evento serviu também para apresentar ao mundo quais eram os projetos que já estavam sendo executados pelos países, então participantes, estimulando a troca de experiências, pesquisas, documentos e serviços.
A partir da Conferência de Tiblisi a Educação Ambiental passou a não mais ser vista de forma reducionista e fragmentada, e sim de uma forma onde todos os entes têm que estar envolvidos com os seus paradigmas e com o compromisso do social. Não se podia mais admitir que a Educação Ambiental fosse vista apenas como parte integrante do ensino das disciplinas de ciências, mas que permeassem todas as outras do componente curricular. Os cidadãos, a partir de sua realidade, deveriam perceber como gerir e administrar os recursos ambientais de forma a não esgotar-se e que poderiam contribuir para a sua renovação, tendo assim uma visão integrada com o ambiente e dialogando com o mesmo para que a sua conservação seja plena.
Em 1992, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra. Teve como um dos grandes objetivos a verificação dos modelos de desenvolvimento e a sua ineficiência, sugerindo a mudança para um desenvolvimento “sustentável”. Outra proposta da Rio-92 foi a de aumentar os esforços para proporcionar informações sobre o meio ambiente que possam promover a conscientização popular, além de promover um treinamento cada vez maior de profissionais, a fim de ampliar essa rede de informações. Segundo Dias (1991) a Rio-92 foi o evento mais importante desde que o ser humano se organizou em sociedades reunindo milhares de Organizações Não-Governamentais e participantes da sociedade civil para discutir as questões ambientais. Durante a Conferência foi promovido pelo governo federal um workshop no qual foi aprovado um documento denominado “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”, onde uma das prioridades dos governos seria a de implantar em todos os níveis da educação, a Educação Ambiental (Pedrini, 1997). Como resultado desse evento foi elaborado um plano de ação para o século XXI, visando a sustentabilidade da vida na terra denominado de Agenda XXI e que trata em seus 40 capítulos sobre dimensões econômicas e sociais, conservação e manejo de recursos naturais, fortalecimento da comunidade e meios de implementação. Com ações a longo, médio e curto prazo, foi o documento mais consistente para o “Desenvolvimento Sustentável”, isto é, de como podemos continuar desenvolvendo nosso país e nossas comunidades sem destruir o meio ambiente e com maior justiça social.
No ano de 2002 foi realizada em Joanesburgo, África do Sul, a Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável. Foi a terceira conferência mundial promovida pela ONU para discutir os desafios ambientais do planeta. A Rio+10 ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, aconteceu trinta anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972.
A Rio+ 10 produziu dois documentos oficiais, adotados pelos representantes dos 191 países presentes na conferência: a Declaração Política e o Plano de Implementação .
A Declaração Política, intitulada “O Compromisso de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável”, possui 69 parágrafos divididos em seis partes. Como o nome indica, trata-se de documento que estabelece posições políticas, e não metas. Assim, reafirma princípios e acordos adotados na Estocolmo-72 e na Rio-92, pede o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e o aumento da assistência financeira para os países pobres, além de reconhecer que os desequilíbrios e a má distribuição de renda, tanto entre países quanto dentro deles, estão no cerne do desenvolvimento insustentável. O texto admite ainda que os objetivos estabelecidos na Rio-92 não foram alcançados e conclama as Nações Unidas a instituir um mecanismo de acompanhamento das decisões tomadas na Cúpula de Joanesburgo.
O segundo e mais importante documento resultante da Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável é o Plano de Implementação, que busca alcançar três objetivos supremos: a erradicação da pobreza, a mudança nos padrões insustentáveis de produção e consumo e a proteção dos recursos naturais.

Referências:

PHILIPPI JR., A. PELICIONI, M.C.F. Educação Ambiental e sustentabilidade. Coleção ambiental, 3. Barueri, SP: Monele, 2005.
REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense; 1994.
DIAS, G.F. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 1991.
PEDRINI, A.G. Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. Petrópolis (RJ): Vozes, 1997.

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