Para aqueles que são amantes da natureza...

"Este cerrado é um pouco como o nosso povo brasileiro. Frágil e forte. As árvores tortas, às vezes raquíticas, guardam fortalezas desconhecidas. Suas raízes vão procurar nas profundezas do solo a sua sobrevivência, resistindo ao fogo, à seca e ao próprio homem. E ainda, como nosso povo, encontra forças para seguir em frente apesar de tudo e até por causa de tudo"

Newton de Castro


segunda-feira, 31 de maio de 2021

Subclasse Asteridae

Flores geralmente simpétalas;

Estames isômeros e alternos com os lobos da corola ou oligostêmones, epipétalos;

Óvulos unitegumentados e tenuinucelados;

Geralmente compostos iridóides presentes; 

Disco nectarífero

Esta subclasse tem 11 ordens, 49 famílias e aproximadamente 60.000 espécies. 

Asteridae é um nome botânico obsoleto de nível Classe de plantas. A composição da subclasse também tem variado; no entanto, por definição, sempre inclui a família Asteraceae (Compositae). Na classificação moderna do Sistema APG III asterídeas e euasterídeas são nomes de clados com uma composição semelhante à de Asteridae.

Um dos sistema de classificação mais conhecidos e influentes que reconhecia formalmente a subclasse Asteridae era o sistema de Cronquist, criado pelo botânico Arthur Cronquist. Este sistema incluia as seguintes ordens:

A maioria das ordens acima, como definidas por Cronquist, sofreram grandes redefinições, com base em estudos de sistemática molecular efectuados recentemente.

Em grande parte, a subclasse Asteridae de Cronquist corresponde ao antigos conceitos de Sympetalae e Tubiflorae, grupos que foram definidos por terem as suas pétalas unidas num tubo. No entanto, estas classificações antigas continham famílias de simpétalas, tal como as Cucurbitaceae, que são agora consideradas com não relacionadas de maneira próxima. O conceito de Cronquist também corresponde basicamente com o grupo das euasterídeas do sistema APG II, mas este sistema não reconhece formalmente um grupo denominada Asteridae.

Estudos filogenéticos recentes têm sugerido quevárias famílias, incluindo três grandes ordens não incluidas nas Asteridae por Cronquist, EricalesCornales e Apiales, também pertencem ao grupo. A circunscrição da subclasse Asteridae, tal como as circunscrições das ordens contidas nela, está correntemente num estado de fluxo; muitos botânicos sistematas referem-se a estes grupos como clades (utilizando a nomenclatura asterídeaseuasteídeas, etc.), em vez de utilizarem nomes formais como subclasse Asteridae.


Exemplos:

Família Asteraceae - Helianthus annuus

Família Rubiaceae - Coffea arabica


Família Bignoniaceae - Tabebuia sp.

Família Solanaceae - Solanum tuberosum

Família Solanaceae - Solanum lycopersicum

Família Apocynaceae - Allamanda cathartica

Família Apocynaceae - Catharanthus roseus


Subclasse Rosidae

Geralmente polipétalas, raro apétalas (Euphorbiales e Apiales);
Estames centrípetos;
produção de taninos e iridóides;
Sem óleo mostarda e betalaínas;
Pólén em geral binucleado;
Óvulos bitegumentado e crassinucelados (1 ou 2 loculos);
Nectários de vários tipos, em geral formam de discos.

Esta subclasse tem 18 ordens, 116 famílias e mais de 60.000 espécies. É a maior subclasse das Angiospermas em número de famílias.

Rosidae é um termo botânico ao nível da subclasse. A definição desta subclasse varia de acordo com o sistema taxonómico utilizado, desde que seja incluída nesta a família Rosaceae. Um dos sistemas mais conhecidos a utilizar este termo, é o de Cronquist, em que em 1981, na versão original, definia a subclasse Rosidae com as seguintes ordens:

Sistema APG III não faz uso formal de termos botânicos acima do patamar de ordem, no entanto inclui a maioria destes grupos no clado rosídeas (rosids).

Entre as famílias da subclasse Rosidae de interesse agronômico estão: Mimosaceae / Caesalpiniaceae / Fabaceae / Proteaceae / Myrtaceae / Melastomataceae / Euphobiaceae / Sapindaceae / Anacardiaceae /Meliaceae / Rutaceae / Rosaceae / Lythraceae / Celastraceae / Aquifoliaceae


Exemplos:

Família Fabaceae - Caesalpinia echinata - Pau-brasil

Família Fabaceae - Delonix regia - Flamboiã

Família Fabaceae - Mimosa pudica - Malícia

Família Fabaceae - Bauhinia fortificata - Pata de vaca

Família Rosaceae - Rosa sp. 

Família Rutaceae - Citrus sp.

Espécies da Família Mytaceae - (A) Murta (Myrtus communis), (B) jambeiro (Syzygium paniculatum), (C) goiabeira (Psidium guajava), (D) feijoa (Acca sellowiana).


Espécies da família Anacardiaceae. (A) Spondias purpurea – seriguela, (B) Anacardium occidentale – cajueiro, (C) Mangifera indica – mangueira e (D) Schinus terebinthifolia – pimenta-rosa.

terça-feira, 25 de maio de 2021

A ideologia do desenvolvimento sustentável

Muito se fala em Desenvolvimento Sustentável (DS) como a solução definitiva para os problemas ambientais da atualidade. O principio de que se deve usar os recursos naturais com racionalidade no presente para não comprometer o uso pelas próximas gerações no futuro, foi introduzido vagarosamente nas empresas, na legislação, em acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário e nos documentos que norteiam a construção do currículo escolar.
Apesar do termo ganhar evidência a partir do final da década de 1960 com o Clube de Roma e as grandes conferências mundiais da década de 1970, a base do pensamento teve origem em Gifford Pinchot, que no século XIX, defendia o uso adequado e criterioso dos recursos naturais, de forma racional para a maioria dos cidadãos. Admitia a natureza como mercadoria, mas questionava a velocidade em que se dava a sua posse (DIEGUES, 1996).
Para Oliveira (2005), defender o uso racional dos recursos naturais é garantir o combustível para manutenção da máquina capitalista, que com técnicas e o trabalho humano são convertidos em riqueza e poder, e os problemas ambientais se resolvem através da ciência e tecnologia. É de caráter ideológico por manter a dominação de uma classe através da alienação.
Em 1968, cientistas, educadores, economistas e industriais se reuniram formando o Clube de Roma para discussões sobre geopolítica. O produto, foi o livro Limites do Crescimento, que alertava para o aumento populacional frente aos recursos naturais não-renováveis e propunha um planejamento mundial para a manutenção do capitalismo com um equilíbrio que fosse sustentável no futuro. Diante disto, em 1972, foi realizada a Primeira Conferência Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente, em Estocolmo (Suécia) que teve por objetivo principal formar uma aliança internacional para estimular os governos a criarem políticas ambientais para conter poluição. Oliveira (2005) destaca que as discussões sobre o uso dos recursos naturais, tinham como pano de fundo, a manutenção da reprodução do capital e o interesse em controlar e obstruir o crescimento dos países subdesenvolvidos, estimulando-os a seguir as “recomendações” dos países hegemônicos.
A crise do petróleo em 1973, mostrou que não bastava manter recursos naturais para o capital, era preciso ter controle sobre eles (HARVEY, 1992). Sem preocupações com o meio ambiente, as décadas seguintes foram de expansão industrial em muitos países, evidenciando que a Conferência de Estocolmo não havia sensibilizado o mundo quanto aos problemas ambientais. Porém, a maior preocupação era o risco de esgotamento dos recursos naturais que poria fim ao capitalismo.
Assim, em 1983, a ONU cria uma Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e quatro anos depois, o Relatório Brundtland (Nosso futuro comum) é publicado introduzindo o conceito de DS, ressaltando as preocupações com o crescimento populacional e o esgotamento dos recursos naturais. Sob a influência deste relatório acontece a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, com a participação de 178 países.
O Brasil não foi uma escolha aleatória. País em desenvolvimento com economia que se alinhava ao neoliberalismo e um grande patrimônio natural e genético, além de uma biodiversidade ainda não explorada. Segundo Dias (1991), a Rio-92 foi o evento mais importante desde que o ser humano se organizou em sociedade, por reunir milhares de Organizações Não-Governamentais e participantes da sociedade civil para discutir as questões ambientais. Esse era o ambiente propício para a propagação e difusão de uma nova ideologia de desenvolvimento. Neste evento, foram aprovadas a Carta Brasileira para a Educação Ambiental, que recomendou a implantação da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a Agenda 21.
A Agenda 21 estabeleceu metas para o DS, propôs ajuda financeira aos países em desenvolvimento, a conservação da diversidade biológica, o fortalecimento da base científica para o manejo sustentável e treinamento ao país interessado. Todos os segmentos foram impregnados pelas políticas de sustentabilidade (agricultura sustentável, dinâmica demográfica sustentável, padrões de consumo sustentável, sustentabilidade do produto, educação para a sustentabilidade entre outros). Os objetivos eram ajustar os problemas ambientais e regular os recursos naturais às necessidades do capital e manter o controle do desenvolvimento em países periféricos.
Em 2000, a ONU divulga o programa Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) contendo oito objetivos para a erradicação da pobreza a serem alcançados até 2015. Admitiu que os objetivos propostos na Rio-92 não foram alcançados, o que seria confirmado durante a Rio+10. Ao identificar o ambiente escolar como propício para a difusão de novas ideias, em 2004, a ONU lança a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DEDS) que continuaria a partir de 2015 com a Agenda 2030, implementada pelo documento Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: objetivos de aprendizagem (UNESCO, 2017). Para Costa e Gonçalves (2017), a Agenda 2030 discute problemas complexos de uma maneira superficial, oculta a realidade e estimula a entrada da iniciativa privada na educação pública, usando como desculpa, uma política global que desconsidera as particularidades de cada nação.
Em 2017, após discussões e muitas críticas, a Base Nacional Comum Curricular- BNCC é aprovada em um alinhamento com a Agenda 2030. O documento foi esvaziado da Educação Ambiental (EA) e de qualquer crítica a respeito das desigualdades sociais e da degradação ambiental. Optou pela tendência internacional em fazer referência aos termos desenvolvimento sustentável e educação para a sustentabilidade, que carregam consigo intencionalidades em atender as necessidades do capitalismo e a degradação ambiental imposta por ele, sem muitas preocupações com EA, que tem por princípio básico, a formação humana com princípios éticos de respeito a qualquer forma de vida. Diante disto, é fica evidente a necessidade da valorizar a EA e a sua permanência como referência, na construção de políticas públicas e documentos que orientam o currículo escolar (SILVA; LOUREIRO, 2019; FRIZZO; CARVALHO, 2018).
Diante do exposto, o DS é uma ideologia que está sendo construída desde que se percebeu que o esgotamento dos recursos naturais compromete a continuidade do capitalismo e que a geração presente deve preservar a natureza, não para as gerações futuras, mas como combustível para o capital em qualquer tempo.

Referências

COSTA, G. C; GONÇALVES, P. M. Omissões do Gargamel: os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e os Smurfs. Atas: IX Encontro Pesquisa em Educação Ambiental. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora – MG, 13-16 de agosto de 2017.
DIAS, G.F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 1991.
DIEGUES, A. C. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: HUCITEC, 1996.
FRIZZO, T. C. E.; CARVALHO, I. C.de M. Políticas públicas atuais no Brasil: o silêncio da educação ambiental. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. Ed. Especial EDEA, n. 1, p. 115-127, 2018.
HARVEY, D. A Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
OLIVEIRA, L. D. de. A Ideologia do Desenvolvimento Sustentável: Notas para Reflexão. Revista Tamoios, Rio de Janeiro, UERJ-FFP, v. I, n. 2, p. 33-38, 2005.
SILVA, S. DO N.; LOUREIRO, C. F. B. O sequestro da Educação Ambiental na BNCC (Educação Infantil - Ensino Fundamental): os temas Sustentabilidade/Sustentável a partir da Agenda 2030. XII ENPEC. UFRN, Natal, RN. 2019.
UNESCO. Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: objetivos de aprendizagem. 2017.

Vídeo:
Palestra: A ideologia do desenvolvimento sustentável - a partir de 01:30:00.

Subclasse Dilleniidae

Características gerais:
  • Geralmente polipétalas;
  • Gineceu geralmente sincárpico;
  • Placentação parietal;
  • Óvulos bitegumentados;
  • Numerosos estames cetrífugos;
  • Grãos de pólen binucleados, triaperturados;
  • Presença de substâncias repelentes: tanino, óleo mostarda e compostos iridóides.
Esta subclasse consiste de 13 ordens, 77 famílias e cerca de 25.000 espécies.



Relações de afinidades entre as ordens de Dilleniidae (Cronquist, 1988).

Estudos recentes de sistemática molecular mostraram que este grupo é polifilético . O sistema APG II não usa nomes botânicos formais acima do nível de ordem, mas atribui as plantas envolvidas a várias ordens nos clados de asterids  e rosids .

Exemplos:

Família Violaceae/Viola tricolor

Família Malvaceae/Alcea rosea

Família Malvaceae/Hibiscus sp.

Família Malvaceae/Gossypium hirsutum

Família Nepenthaceae/Nepenthes rajah

Família Nepenthaceae/Dioanea muscipula



segunda-feira, 24 de maio de 2021

Subclasse Caryophillidae


Características Gerais:
  • Geralmente herbáceas;
  • Presença de betalainas (pigmentos coloridos, indicaxantina do grupo betaxantina, e betanina do grupo betacianina ;
  • Placentação central ou basal em ovários sincárpicos
  • Óvulos bitegumentados
  • Estames quando numerosos em sequência centrífuga
  • Grão de pólen trinucleado.
Esta subclasse apresenta 3 ordens, 14 famílias, 11.000 espécies.

Exemplos:
Família Plumbaginaceae /Plumbago auriculata


Família Cactaceae/ Oputia sp.


 Família Nyctaginaceae / Bougainvillea spectabillis



segunda-feira, 10 de maio de 2021

Subclasse Hamamelidae

 Caracteres Gerais:

1. Perianto fortemente reduzido

2. Flores geralmente reunidas em amento

3. Número de óvulos reduzidos, geralmente uma semente

4. Geralmente lenhosas

5. Flores geralmente anemófilas

6. Flores unissexuais

7. Polén tricolporado

8. Óvulo bitegumentados, crassinucelados, nucela com bastante reserva

Esta subclasse tem 11 ordens ( Trochondendrales, Hamamelidales, Daphniphyllales, Didymelales, Eucommiales, Urticales, Leitneriales, Juglandales, Myricales, Fagales, Casuarinales), 25 famílias e 3.400 espécies. a ordem mais representativa é Urticales (2/3 das espécies).

Apresenta hábito arbóreo, com folhas alternas ou opostas, estípulas intrapecioladas ou amplexicaule, persistentes ou caducas, deixando cicatrizes ou não, flores unissexuais, reduzidas e em amento. Produz taninos, pró-antocianinas, ácidos elágicos e gálico. 

Exemplos:

Ordem Urticales: Família Moraceae

Fruto e folhas de Morus alba (amoreira). 
CC BY-SA 2.1 es, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=178195

Fruto de Ficus carica, a figueira-comum
CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=5371

Fruta da mamacadela (Brosimum gaudichaudii), árvore típica do cerrado brasileiro

Ordem Hamamelidales: Família Betulaceae

https://www.colby.edu/info.tech/BI211/Ham.html

https://www.colby.edu/info.tech/BI211/Ham.html


Referências:

CRONQUIST, A. The evolucion and classification of flowering plants. 2ª ed. New York: The New York Botanical garden, 1988.

Subclasse Magnoliidae

De acordo com a classificação de Cronquist (1988) a classe Magnoliopsida é constituída por seis subclasses que se relacionam evolutivamente. A subclasse Magnoliidae constitui o complexo basal de onde derivam as demais angiospermas. É formada por 8 ordens (Magnoliales, Laurales, Piperales, Aristolochiales, Iliciales, Nymphaeales, Ranunculales, Papaverales), 39 famílias e cerca de 11.000 espécies.

Apresenta as características gerais:

1. Perianto bem desenvolvido muitas vezes sem diferenciação em cálice e corola
2. Corola polipétala
3. Flores apocárpicas, diclamídea, monoclamídea, hermafrodita, unissexual
4. Estames numerosos laminares em sequência centrípeta
5. Pólen uniaperturado, monosulcado
6. Óvulos bitegumentados
7. Presença de alcalóides
8. Células oleífera esféricas
9. Embrião pequeno e abundante endosperma
10. Cantarofilia
11. Fruto Cápsula, baga ou drupa

Exemplos:

Annona crassiflora




Magnolia grandiflora

Lauraceae: Persea americana



Nymphaeaceae: Nymphaeae sp.




Referências:

CRONQUIST, A. The evolucion and classification of flowering plants. 2ª ed. New York: The New York Botanical garden, 1988.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Escolas de classificação

Desde os primórdios da ciência o homem aprendeu a classificar com o intuito de compreender o mundo que nos cerca. Isto tem uma utilidade prática. Precisamos descobrir quais plantas eram comestíveis, venenosas, forrageiras etc. 

Classificar é uma ação inerente ao comportamento humano e tem sentido básico de organizar. Ao longo da história, surgiram numerosos sistemas de classificação, os quais costumam ser agrupados em quatro categorias: hábito, artificiais, naturais e filogenéticos.

Baseadas no hábito (árvores, ervas, trepadeiras). Os primeiros foram, evidentemente, os menos elaborados, embora seus autores acreditassem que eles refletiam afinidades naturais. Nestes sistemas, árvores, ervas, trepadeiras, etc., consistiam os grupos principais de plantas. Teophrastus (370-285 a.C.) é o nome mais célebre deste período, sendo considerado o Pai da Botânica.

Teophrastus (370-285 a.C.)

Historia Plantarum

Das 227 obras que chegaram aos nossos dias, duas delas são sobre Botânica: - A História Natural das Plantas (De Historia Plantarum), com posta por 9 livros; Sobre as Razões do Crescimento das Plantas (De causis plantarum) composta por 6 livros. Os livros eram muito gerais, as espécies eram referidas apenas ocasionalmente e em alguns dos casos nem se percebia de que espécie se tratava. Foram descritas entre 500-550 espécies. Foi divulgado o conceito de morfologia, classificação e história. Avançado para o seu tempo, Theophrastus introduziu a prática da aclimatação de plantas, introduziu novos termos técnicos, distinguiu diferentes formas de reprodução e de inflorescências, e estudou a germinação de sementes de várias espécies. 

Dioscórides foi um físico grego, que se tornou cirurgião militar de Nero, o Imperador Romano. O seu cargo militar permitiu-lhe fazer grandes viagens e assim estudar uma grande variedade de plantas. Na obra De Matéria Medica, são referidas as propriedades medicinais de mais de 600 plantas com algumas descrições botânicas, mas sem o caráter científico das obras de Theophrastus. Descreveu raízes, caules, folhas e por vezes flores. Após o trabalho de Dióscorides, com plantas de uso medicinal que vigorou até o sec. XVI, a botânica e a medicina tornaram-se indissociáveis. Os gregos foram mais tarde sucedidos por herbalistas e botânicos que mantiveram este período da história da classificação até a metade do século XVIII. 

Dioscorides de Anazarba (40-90 d.C.)

Página de título De Materia Medica por Pedanius Dioscorides, 1554. ( University of Virginia)

Os herbalistas

Eram médicos que deram grande contribuição ao estudo das plantas. Andrea Cesalpino (1519-1603) era um médico italiano. É um exemplo de um importante herbalista que possui alguns nomes de plantas em sua homenagem, por exemplo: Caesalpinia echinata (pau-brasil). Recentemente essa espécie foi renomeada de Paubrasilia echinata.

Pau Brasil vira gênero de árvore

Andrea Cesalpino (1519-1603)


Paubrasilia echinata (pau-brasil). 

Nesta época surgiram os primórdios da farmacognosia e as primeiras contribuições ilustradas. 

Sistemas Artificiais (séc. XVIII): essencialmente práticos, com poucos caracteres. Não levam em conta afinidades entre os organismos. Ex.: sistema sexual de Lineu (1707-1778). 

Sistemas Naturais (séc. XVIII e XIX): buscavam afinidades “naturais” entre os grupos, segundo um plano divino. Utilizam um número maior de caracteres. Lamarck, Bentham & Hooker, De Candolle, Jussieu. 

Dura até o advento do “Darwinismo” surge os Sistemas Filogenéticos (séc. XIX até hoje): baseados na FILOGENIA dos grupos: histórico de relações de táxons (famílias, gêneros, espécies, populações, etc.) através de ancestralidade e descendência (seguindo Darwin). Assim como aqueles antigos sistemas, os sistemas artificiais não encontram hoje qualquer aplicação. Um sistema artificial tem como único objetivo ser um meio conveniente de situar uma planta dentro de uma classificação e contribuir para a sua identificação. Não tem qualquer preocupação em mostrar relações de afinidades. 

O mais conhecido é o de Linné, (Carl F. von Linné, 1707-1778), publicado na obra “Species Plantarum” (1753), que ficou conhecido como “sistema sexual”, por ter sido o primeiro a dar grade ênfase aos caracteres florais. Em seu sistema, Lineu reconheceu 24 classes, a última delas formada por plantas sem flores (Cryptogamia). Para as classes com flores, os critérios utilizados foram principalmente o número de estames, soldadura e comprimento dos filetes, e o sexo das plantas, segundo o tipo de flores que ela apresenta (Monoecia, Dioecia, Polygamia). 

Linné, (Carl F. von Linné, 1707-1778)

Os sistemas filogenéticos procuram usar toda a informação disponível no momento a respeito dos táxomas envolvidos, procurando relacioná-los segundo uma afinidade baseada em ancestralidade e descendência.

Até a década de 1980, a Botânica foi dominada por um sistema evolucionista de classificação, baseado no grau de similaridades. Nem mesmo a difusão de teorias evolutivas no final do século XIX levou a mudanças significativas na classificação dos seres vivos. A evolução foi incorporada na sistemática como explicação para classificações naturais pré-existentes. 

Foi apenas após o estabelecimento da sistemática filogenética (Hennig 1965), que os táxons passaram a ser definidos por compartilharem características derivadas herdadas de um ancestral comum, as sinapomorfias. O princípio primordial da sistemática passou a ser a ancestralidade, e as classificações passaram a buscar o reconhecimento exclusivo de grupos monofiléticos (ou clados, daí o nome cladística para essa escola da sistemática). 

Sistemas de classificação filogenéticos ou cladístico – Nesse sistema o agrupamento dos organismos é de acordo com o grau de parentesco entre eles. Os cladogramas (ou árvores filogenéticas) demonstram as relações hipotéticas entre os organismos, levando em consideração a sua história evolutiva dos seres. As semelhanças entre os organismos são consequências da existência de um ancestral comum, a partir do qual os grupos divergiram ao longo do tempo. O grau de semelhança entre eles está relacionado com o tempo em que ocorreu a divergência. Os resultados de uma análise cladística são geralmente expressos na forma de cladogramas, ou seja, diagramas ramificados que expressam relações de parentesco entre os táxons incluídos na análise (chamados de terminais ou táxons terminais). Consiste, graficamente, de uma série de linhas (ramos) que conectam esses terminais. O encontro de ramos define um nó, que é considerado um ancestral hipotético do grupo definido por aquele nó. É importante ressaltar que cladogramas representam hipóteses sobre a filogenia de um grupo, ou seja, não é sua filogenia real e sua obtenção depende do método usado na análise. 

A sistemática à luz da genética molecular

Na atualidade a sistemática vegetal usa técnicas moleculares a partir da análises de variação no genoma de cloroplastos em particular, e, em menor extensão, de segmentos do genoma nuclear incrementaram grandemente nosso entendimento da filogenia das plantas em todos os níveis taxonômicos. Um dos objetivos centrais da sistemática tem sido inferir relações genéticas entre grupos de organismos. Uma vez que os dados moleculares (sítios de restrição e sequenciamento de bases nucleotídicas do DNA) provêm o genótipo do organismo, eles fornecem uma evidência mais precisa das relações de parentesco do que podem fazer os caracteres fenotípicos, que podem ser modificados pelo ambiente. Além disso, a homologia de caracteres moleculares é tipicamente mais facilmente alcançada. Atualmente, sequencia de rbcL do genoma de cloroplastos podem ser analisados para a reconstrução das relações filogenéticas entre famílias, ordens e níveis hierárquicos superiores, enquanto sequências nucleares de genes de RNA ribossômicos fornecem informações mais adequadas em nível de gênero e espécie. rbcL é uma grande subunidade do DNA circular do cloroplasto, responsável pela codificação da enzima ribulase-bifosfato-carboxilase oxigenase, importantíssimos nas relações de fixação do carbono durante a fotossíntese). Os dados obtidos com o sequenciamento de nucleotídeos têm sido analisados através dos rigorosos métodos cladísticos. Dentre as Angiospermas, duas linhagens principais na árvore de rbcL correspondem, não aos tradicionais grupos de mono e dicotiledôneas, mas aos grupos produtores de pólen uniaperturado versus produtores de pólen triaperturados. 

Hoje em dia o sistema de classificação utilizado por pesquisadores e estudiosos em Botânica em boas partes das universidades brasileiras é o Sistema de APG (Angiosperm Phylogeny Group), um sistema que revolucionou a classificação botânica ao propor a divisão das Angiospermas em grupos diferentes dos tradicionais sugeridos em outros sistemas de classificação. De acordo com este sistema as Angiospermas estão divididas em quatro grandes grupos: Angiospermas basais, Magnoliídeas, Monocotiledôneas e Eudicotiledôneas. O APG publicou seus trabalhos a partir de 1993, tendo divulgado a classificação mais recente em 2009 (APG III). A tendência hoje em dia com as análises filogenéticas é tentar resolver alguns clados sem grande sustentabilidade em níveis hierárquicos mais inferiores uma vez que em níveis hierárquicos superiores o posicionamento da maioria dos grupos já está sendo considerado estável. 

Classificação por cladograma do reino Plantae

Sistema de Cronquist (1968, 1981, 1988): Esquema das supostas relações evolutivas entre as subclasses de angiospermas. 

Árvore filogenética (cladograma) mostrando as relações entre os taxa de Angiospermas. Análise foi baseada em dados moleculares (sequências de regiões do DNA). Sistema de classificação do APG II.


Referências: 

Sistema de classificação

BARROSO, G. M.; GUIMARÃES, E. F.; ICHASO, C. L. F.; COSTA, C.G.; PEIXOTO A. L. Sistemática das angiospermas do Brasil. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária, 2002 (v.1); 1991 (v.2); 1991 (v.3).

CRONQUIST, A. The evolucion and classification of flowering plants. 2ª ed. New York: The New York Botanical garden, 1988.